quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Ano novo é placebo


Sim, isso mesmo que você leu ali em cima! A atual ideia de ano novo é culturalmente questionável. As pessoas ficam ansiosas, fazem planos e definem metas. Compram roupas novas para a “virada do ano”, fazem simpatias e comemoram!


“Ano novo” na verdade é apenas mais uma passagem de um dia para outro. Assim como se passa do “dia 24” ao dia “25”. Não há, necessariamente, motivos para celebrar a mudança de uma folha do calendário, como se magicamente tudo fosse mudar e de repente você se tornasse capaz de realizar todos os seus sonhos, que aliás, você teve a oportunidade de concretizá-los no ano anterior, mas não o fez.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

A falta que a falta faz



Era segunda-feira à noite, eu encarava o céu estrelado e sabia que ele, do outro lado, encarava esse mesmo céu. Não me preocupava mais com a distância física que insistia em existir. Minha maior preocupação sempre fora com aquela distância que a gente cria, pois essa é mais difícil de ser superada. Quantos vivem tão perto, mas ao mesmo tempo tão longe? E quantos vivem tão longe, mas tão próximos? É difícil se encontrar nessa balança.

Não me atrevo a contar meias verdades (se é que isso existe) dizendo que não me importo de forma alguma com a distância física, pois me importo sim. É só que depois de um tempo passamos a balancear mais as coisas, verificando o que tem mais importância e com o que deveríamos nos importar menos.
Acabei aprendendo (não tão facilmente) a lidar com uma série de coisas, inclusive com a própria distância, mas mesmo estando preparados para algo, ainda há a chance de sermos pegos de surpresa.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Não se entristeça!


terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Pesquisa de público




Pessoal,


Estamos fazendo uma pesquisa de público para conhecer melhor nossos leitores e melhorar o blog e as postagens cada vez mais!

Levará apenas 5 minutinhos e contribuirá muito com o blog!

Contamos com a sua participação!

Basta clicar aqui e responder ao questionário.

Obrigada pela participação!




domingo, 11 de dezembro de 2016

Rascunhos #1


"Feliz quem voltasse a ser criança!" O homem simpático, mas sentimental, que entoa a canção do menino ditoso, desejaria também voltar à Natureza, à inocência, ao princípio, mas esqueceu que nem mesmo as crianças são felizes, e sim suscetíveis de muitos conflitos, de muitas desarmonias, de todos os sofrimentos.

Para trás, não conduz a nenhum caminho, nem para o lobo nem para a criança. No princípio das coisas não há simplicidade nem inocência; tudo o que foi criado até o que parece mais simples, é já culpável, já complexo, foi lançado ao sujo torvelinho do desenvolvimento e já não pode, não poderá nunca mais, nadar contra a corrente.
O lobo da Estepe - Hermann Hesse


Então, a verdade é que tenho medo de escrever porque tenho medo de escrever besteira. Aprendi a prezar a coerência do que penso e colocar tudo em palavras  é um desafio novo para mim. Primeiro por causa das limitações da linguagem e comunicação - assunto para outra hora -, segundo porque sinto uma necessidade, que na verdade é uma obrigação: fundamentar tudo que eu escrevo. Ter uma opinião ou achar alguma coisa nada significa. É dezembro de 2016 e temos milênios de contribuição humana para eu vir divagar sobre um assunto qualquer sem o mínimo de respeito pelo que outras pessoas já refletiram e escreveram. É uma consciência de que problemas que me vem a mente já podem ter sido resolvidos há séculos e seria uma negligência não considerar essa possibilidade. Então  resolvi escrever sem pensar muito, primeiramente como um rascunho e fundamentarei depois, caso isso seja possível, é claro...

Acho que me ocorreu uma epifania agora pouco.  Não sei se é essa a palavra, mas eu poderia chamá-la de insight também. Tem a ver um pouco com a inquietação intelectual, essa fermentação constante de idéias na minha cabeça. Mas indo ao ponto que me trouxe aqui: a palavra chave é resiliência. Não tanto sob o aspecto de "resistência" que ela traz (aqui estou divagando novamente sobre a limitação da linguagem), mas mais sobre o sentido de adaptação.  Não quero expor o fato ocorrido, o negócio é que  a resiliência trouxe consigo a reflexão sobre a maioridade e falarei dela primeiro. Não a maioridade penal, mas aquela mesma maioridade que fala Immanuel  Kant.

Diferente da maioridade penal, para Kant alguém deixar de ser criança, deixa a menoridade, quando ela passa a ter capacidade de usar seu próprio entendimento, a servir de si próprio  sem a tutela de outra pessoa. É sobre tomar coragem, consciência da responsabilidade pela sua própria vida e do seu destino. É saber que o final da vida, como ela vai terminar,  é uma responsabilidade individual (estou misturando um pouco de Sartre aqui também).  Isso é um marcador que diferencia as pessoas: aquelas que tem consciência da diferença entre existir e viver e aquelas que ficam a mercê dos estímulos externos e internos, existindo no modo automático  e mal conseguem ver um passo a frente.

Não posso deixar de falar, portanto,  como é bonito ver alguém atingir a maioridade - eu diria que fico um pouco triste também, talvez entendam por quê. Se nascemos sob dezenas de determinadas condições, seja o idioma, a condição financeira, a família , o país, a cultura etc., quando alguém toma a postura adulta de encarar que condição é algo intrínseco a existência e que o que vem depois, isto é, as escolhas, são o que determinam o porvir, essa pessoa merece o mínimo de admiração - ainda mais visto a degradação cultural e intelectual dos nossos dias.

Mas a maioridade traz consigo um desafio (é um eufemismo para o que eu queria chamar de maldição, seria isso um exagero meu?). A gente acaba se deparando com algumas perguntas: como  "qual é o sentido da vida?", ou "para que estamos aqui?", e ainda, "para onde ir"? E não, não conheço ninguém que tenha as respostas... Além disso vem aquele ceticismo icônico, senão a necessidade da prova para se crer em algo, uma fundamentação lógica ao menos. Pense bem, são as crianças que acreditam em fadas e coisas do gênero...

E lembrar dia após dia dessa responsabilidade, ter consigo os olhos abertos para as consequências de cada atitude tomada soa às vezes motivador, "eu faço meu próprio destino"; mas muitas delas é um fardo para se carregar, "se eu fizer merda, vai dar merda". Quem foi que disse mesmo?: "A ignorância é uma benção."

Só que não era para parecer uma lamentação, acredite. É justamente agora que entra a questão da resiliência: a capacidade de  superar os momentos difíceis, a capacidade de continuar. Li uma vez que a resiliência seria uma espécie de inteligência, mas agora arrisco a dizer que é bem mais que isso. É uma virtude.

A questão é que como não temos um manual pronto sobre como viver, sobre o que é certo ou errado, é totalmente justificável e legítimo que erremos na nossa jornada - construir uma moralidade pessoal é uma arte. Digo errar no sentido de fazer escolhas erradas: escolher a profissão errada, a amizade errada, a ideologia errada, a expectativa errada,  falar no momento errado... o gosto é  o do freguês aqui. E a resiliência é o que nos permite ir adiante apesar de toda conseqüência possível.

Dessa forma, que a gente permita se perdoar pelas escolhas erradas. Que a gente possa ter em nossa consciência a racionalidade para tomar decisões: quando as circunstâncias mostrarem que é hora de ir ou deixar ir, que possamos ir ou deixar ir. Quando as circunstâncias mostrarem que devemos ficar, que nós fiquemos. Ainda assim, não estaremos livres do erro. E se ele ocorrer, que  a gente possa ser resiliente e lembrar que estamos todos no mesmo barco e que o Sol voltará amanhã, para um novo começo.

Obs.: Claro que muitas das dificuldades que passamos não é culpa nossa e a resiliência tem também um papel fundamental na superação delas, mas o foco aqui é justamente todas as consequências que ocorrem por nossas ações mesmo.




Por H. Haller.



Novo colaborador - Harry Haller

O blog está para completar 4 anos de existência e já passou por várias mudanças, incluindo o layout e o conteúdo. O tempo passa (será que passa mesmo?) e cada vez mais nos preparamos para o agora que está por vir. O blog cresceu, ganhou novos leitores, novos seguidores e agora ganhou um novo colaborador. Um amigo meu irá nos presentear (espero que frequentemente) com seus textos, seus pensamentos e suas ideias. Ele assinará suas postagens como Harry Haller. Espero que gostem!